A pior coisa que existe é ter como teu inimigo a sua própria imagem. Olhar no espelho e ver que tudo aquilo na sua frente só te faz sofrer. Ver no espelho o reflexo do seu maior inimigo. Eu olho pro espelho e vejo minha maior inimiga. Eu não me amo. Eu sei que existe muita gente que me ama, mas a pessoa mais importante pra me amar e não me ama sou eu mesma.
Assisti a um documentário agora pouco chamado Thin. Conta a história de quatro mulheres que vão para uma clinica para pessoas com distúrbios alimentares. Todas elas estão extremamente abaixo do peso. Parece tão longe da minha realidade, pois eu estou muito acima do meu peso ideal, mas o sentimento é o mesmo. Só encontrei uma diferença, elas tiveram a “coragem” que eu não tenho. Mas o que elas sentem, os demônios dentro da cabeça delas são os mesmo que suspiram no meu ouvido. Eles apenas me deformam de modo diferente.
Existe também em comum aquela necessidade de satisfazer aquilo que esperam da gente. Eu nunca consegui isso. Sempre estou aquém do que as pessoas querem. É sempre “o você tem um rosto bonito, porque você não emagrece?”, que machuca muito mais do que quem está lendo possa imaginar. Mas não é só isso que machuca. Dói estar sempre fora do convencional, não poder ter as roupas que deseja, não se sentir a vontade com um biquíni.Acho que já falei aqui, ou em outro blog, mas a crueldade infantil é imensa e eu passei por todo o tipo. Apelidos, xingamentos, agressão, essas foram algumas das demonstrações de “afeto” de que sendo “diferente” você deve pagar um preço alto por isso. Mal sabiam eles que o trabalho que eles estavam tendo era inútil, eu mesmo já me fazia isso a todo o momento. O preço que eu pago é esse que eu expressei no texto. Não me amo. E eu queria muito que só fosse a pressão externa. Mas essa aqui dentro é a pior de todas e eu imagino que vou passar o resto da minha vida carregando ela dentro de mim.